PORQUÊ?
Se não sou diferente das outras pessoas, porque não consigo perder e manter o peso que desejo?
Esta é a pergunta mais frequente que os meus pacientes me fazem. Porquê?
De uma maneira ou de outra, as conclusões são sempre as mesmas.
- Você não perde peso porque come.
- Você não mantém o peso que conseguiu com a dieta, ou com determinado medicamento, porque assim que atingiu o peso que queria voltou a comer como antigamente.
- Você faz "batota" em relação aquilo deveria comer e aquilo que você realmente come.
- Você usa sempre uma desculpa apropriada a cada situação de transgressão, tais como: "foi só hoje", "só isso não vai fazer diferença", "perdido por 100, perdido por 1.000".
Afinal, quais são as características comum de quem engorda?
a) Comer sempre que tem vontade
São coisas diferentes e você normalmente NUNCA as distingue. Hoje em dia, de uma maneira geral, nós não passamos fome. A abundância e a oferta são tamanhas que nunca chegamos realmente a ter fome. Temos horários, hábitos, rotinas, e geralmente comemos porque está na hora.
b) Não fazer distinção entre ter fome e ter desejo de comer
Se alguém oferecer uma fatia do seu bolo favorito, você aceita mesmo que não tenha fome? Se você não conseguir resistir a essa tentação é porque talvez a sua tolerância ao desejo de comer seja nula, mas se, por um acaso, recusar a fatia de bolo, os seus níveis de ansiedade vão, provavelmente, subir devido a uma oportunidade desperdiçada que você não sabe quando se repetirá e isso faz com que o desejo de comer passe a ser a sua única preocupação. O resultado é, invariavelmente, uma fome incontrolável com você acabando por comer QUALQUER coisa.
c) Gostar de comer
A maioria de nós foi educada a não deixar comida no prato. Já adultas, comemos sempre os restinhos dos pratos dos nossos namorados/maridos/filhos. Na realidade não paramos para ver a quantidade (real) de comida que ingerimos em cada refeição. vamos comendo em pé, petiscando aqui e ali durante a preparação da refeição, andando de um lado para o outro. Quando finalmente nos sentamos adicionamos uma refeição "normal" à quantidade de alimentos já ingeridos entrando em "overdose".
d) A comida é a sua melhor amiga
A comida acalma-te, desvia o foco do pensamento das suas preocupações, não te critica e é um acto natural (afinal não vivemos sem comer!), que está sempre presente na nossa vida quotidiana. Inclusivamente, segundo estudos recentes, está comprovado que determinados alimentos podem ser um auxiliar precioso da nossa saúde como, por exemplo, o chocolate que é reconhecidamente um eficaz antidepressivo.
e) Entra em depressão quando engorda
Fui naturalmente magra durante anos, não fazia nada para isso, ou melhor, se alguma roupa ficava mais justa, tinha o cuidado de nos dias mais próximos comer menos pão, ou fazer mais exercício. O grande problema foi quando deixei de prestar atenção, efectivamente engordei só um quilo por ano e não liguei. Mas já lá vão 20 anos ....
Emagrecer aos 50 anos não é tão fácil como emagrecer aos 30. Cada grama a mais é uma tragédia. A auto-estima é detonada em cada subida na balança. Ficamos desmoralizadas e sem coragem para enfrentar uma dieta restritiva.
O método terapêutico que a Commedida usa é o cognitivo comportamental, isto é, acreditamos que aquilo que você pensa afecta o que você faz e o que você sente.
O nosso objectivo é ajudá-la a identificar os pensamentos negativos e dar dicas para resolver os problemas que daí advêm.
Por exemplo, quando encontra aquela velha amiga de escola e ela olha para si e diz: "Nossa como você engordou!!!! Qual é a sua reacção, para além de desejar sair dali rapidamente? E, já em casa, depois de digerir aquela "frase assassina", você come algo que a faça sentir melhor? Ou, prefere enfiar-se num "fast food" e afogar-se em batatas fritas? A terapia cognitiva comportamental vai ajudá-la a resolver problemas de ordem psicológica e, também, prática. Não só quando estiver em dieta, mas também em situações diferentes.
Autor: Marcia B. Almeida